O Vento Levar-nos-á
Abbas Kiarostami

O título deste filme, retirado de um poema da iraniana Forough Farrokhzad, reforça uma ideia já há muito indissociável da obra de Abbas Kiarostami que é a sua visão poética do cinema. Esta mesma ideia é sublinhada logo no início de O Vento levar-nos-á, que começa com um poema de Omar Khayyam que nos fala do significado simbólico da morte nas nossas vidas.
A história gira em torno de um engenheiro (Behzad Dourani) e de dois colegas seus que viajam para uma longínqua e pequena aldeia do Curdistão iraniano por razões que permanecerão desconhecidas. A história do engenheiro vai sendo pontuada pelas vidas das pessoas que vai encontrando pelo caminho: um rapaz que se torna seu guia, um trabalhador que discute as restrições sobre o papel das mulheres, a grávida que lhes dá abrigo, e a anciã da aldeia, que acaba por ser a razão da sua visita. A estrutura deste filme é facilmente identificável pelos que estão familiarizados com o trabalho de Kiarostami: um forasteiro privilegiado lançado numa cultura que lhe é estranha torna-se testemunha dos costumes, crenças, e dos rituais diários de uma população, e a aldeia transforma-se no palco para todas estas histórias que se vão entrelaçando. Mas o filme é, sobretudo, um exame da natureza humana, da nossa existência e da nossa civilização.
festivais
Festival de Veneza 1999 - Grande Prémio do Júri
com
Behzad Dourani e os habitantes de Siah Dareh
ficha tÉcnica
realização, argumento e montagem
Abbas Kiarostami
baseado numa ideia de Mahmoud Ayedin
imagem Mahmoud Kalari
música Peyman Yazdanian
som Jahangir Mirshekari
mistura Mohamad Hassan Najm
produção MK2 Productions / Marin Karmitz, Abbas Kiarostami

IRÃO/FRANÇA - 1999 - 118' - cor