29 Setembro 2021
COISAS DE HOMENS DE LUCAS BELVAUX ESTREIA A 30 DE SETEMBRO
Coisas de Homens, o novo filme de Lucas Belvaux, protagonizado por Gérard Depardieu, estreia a 30 de Setembro em Lisboa (Cinema Ideal, UCI El Corte Inglês), Porto (UCI Arrábida) e Cascais (O Cinema da Villa). 

Seleccionado para a edição de 2020 do Festival de Cannes, Coisas de Homens é um filme sobre um grupo de rapazes que são enviados para a guerra e que regressam homens feitos e com segredos e cicatrizes invisíveis e indizíveis. Foram chamados para a Argélia na altura dos “acontecimentos” em 1960. Dois anos depois, Bernard, Rabut, Février e outros regressaram a França. Sem falar no assunto, viveram as suas vidas. Mas às vezes basta um quase nada, um dia de aniversário, um presente no bolso, para que quarenta anos depois, o passado irrompa na vida daqueles que acharam que podiam negá-lo.
E se nos fala da guerra de independência da Argélia e das sequelas que ela deixou na sociedade francesa, para nós, portugueses, que vivemos uma ainda mais longa e mais violenta guerra colonial, o filme diz-nos muito mais do que poderíamos querer admitir.

«Trata-se da história de jovens soldados que foram recrutados em 1960 para combater na Argélia nos meses que antecederam a libertação da Argélia como país independente de França. O filme inicia-se na actualidade numa festa de aniversário da irmã (Catherine Frot) de um desses jovens, hoje um velho alcoólico, ladrão Bernard, (Gérad Depardieu),  que interrompe a festa e que de imediato se percebe que é um ex-combatente que sofre de stress pós-traumático e se transformou num racista e homem violento cuja vida, desde o regresso da Argélia, tem sido o de um ressentimento permanente. Com inserts de flashbacks das cenas de violência e terror cometidas, tanto pelos soldados franceses, como por alguns grupos de combatentes argelinos, uma frase ecoa muitas horas depois do filme: “não há palavras que o descrevam”… “não há palavras que o descrevam”… “não há palavras que o descrevam”…
Como lidar com estas memórias da guerra é a questão que atravessa todo o filme e que este se realiza para que a guerra e a devastação dos países e das pessoas não se permita que seja silenciada, num processo que inclui a revisão da história a acontecer em França.
Que fazer com este portador de violência permanente, violador e violado? Talvez que a melhor resposta seja a de Rabut (Jean-Pierre Darroussin) primo e soldado do mesmo pelotão que decide não acompanhar a violência de Bernard, de não se deixar contaminar pela sua raiva, deixando de se aprisionar nas memórias daquela guerra de horrores que afinal não era um problema da Argélia; era uma problema de França, é um problema da Europa cujo terror em Orã, afinal, era igual ao da batalha de Verdun na Primeira Grande Guerra, como este estava presente no massacre de Wiriyamu. » António Pinto Ribeiro 

Veja o trailer aqui