14 Janeiro 2013
Edição Especial de NO QUARTO DA VANDA de Pedro Costa
NO QUARTO DA VANDA de Pedro Costa acaba de ser lançado numa Edição Especial em que o DVD com o filme é acompanhado por um livro – Um Melro Dourado, Um Ramo de Flores, Uma Colher de Prata (176 páginas, côr) –, que inclui uma muito longa entrevista com o cineasta (realizada pelo crítico francês Cyril Neyrat e datada de 2007) e um texto de Andy Rector (Mutual Films), bem como a filmografia de Pedro Costa.

Dez anos depois da sua estreia, NO QUARTO DA  VANDA, o filme que marca uma viragem decisiva na obra de Pedro Costa, é assim finalmente editado em DVD entre nós.
 
(lançamento em Lisboa na FNAC Chiado, 24 Janeiro, 5.ª feira, às 18H30 – apresentação de António Guerreiro, José Neves e Maria João Madeira)
 
O livro é uma co-edição da Midas Filmes e das edições Orfeu Negro, e pode ser adquirido separadamente da edição com o DVD do filme.
PVP edição especial DVD + Livro: € 19,90 (promoção de lançamento durante 30 dias: € 17,50)
PVP Livro: € 12,00
 
A edição de NO QUARTO DA VANDA junta-se assim no catálogo da Midas Filmes a três outros filmes de Pedro Costa: O SANGUE, ONDE JAZ O TEU SORRISO? e NE CHANGE RIEN.
 
«No filme No Quarto da Vanda, Pedro Costa relatou os infortúnios e os grandes feitos dos pequenos deste mundo. Fê-lo na nobre língua de uma tradição realista da narrativa cinematográfica, inaugurada por Griffith no início do século passado. Oito anos depois da estreia deste filme, o seu estatuto e a sua aura não cessaram de se ampliar.
À escala de uma obra: descobrindo Vanda e o bairro das Fontainhas, Costa encontrou a sua necessidade íntima, a sua inquietação e o seu método. No Quarto da Vanda abriu um caminho que ele ainda hoje percorre.
À escala de uma arte: o cinema conheceu um dos seus renascimentos, porventura o último até à data, num subúrbio de Lisboa, entre as paredes de um quarto verde. Costa foi o primeiro a colocar a DV à altura de Ozu e de Straub e a extrair dela as luzes de Tourneur para reanimar no ecrã a energia primitiva do cinema: trabalho da morte e jogo da vida, palavra e carne dos anónimos, beleza oferecida aos infames pela arte de conciliar pontos de montagem, linhas de fuga e planos de luz.
Tal obra guardará os seus mistérios, mas este livro quererá conduzir no limite do possível ao segredo da sua beleza. Antes de mais pela voz de Pedro Costa que, numa longa entrevista, abre como poucos cineastas antes dele as portas do seu atelier, conta as alegrias e as dúvidas da realização do filme, os entusiasmos e as dores de uma experiência que o mudou: porquê este salto no vazio, que método de trabalho se inventa aqui, com que antigo o novo se renova? Depois por Andy Rector, que, no movimento descontínuo de uma colagem enviada de muito longe das Fontainhas – da Califórnia onde vive e trabalha –, soube, entre “análise e rêverie”, tocar as cordas mais sensíveis de No Quarto da Vanda. A mesma procura anima o filme, a entrevista e a colagem: a de um espaço comum e de solidariedades sensíveis no tempo.»

Cyril Neyrat, 2008