03 Outubro 2013
MIDAS FILMES EDITA EM DVD A VERSÃO RESTAURADA DE SHOAH DE CLAUDE LANZMANN
A Midas Filmes vai editar este mês a versão restaurada do filme monumento Shoah, a obra-prima sobre o Holocausto de Claude Lanzmann, no dia em que se inicia a retrospectiva da sua obra na Cinemateca Portuguesa, no âmbito da Festa do Cinema Francês. A retrospectiva inicia-se a 12 de Outubro com O Último dos Injustos, o último filme de Lanzmann, antestreado este ano em Cannes e que a Midas estreará em Março de 2014.

A edição de Shoah, que tem em complemento o filme Sobibor, 14 de Outubro 1943, 16 horas e custará 25 euros, com preço especial de lançamento de 20 euros até Dezembro de 2013.

Claude Lanzmann nasceu em Paris em 1925. Jornalista, resistente, realizador, intelectual amigo de Sartre e Beauvoir, disse em 1985 que matava “nazis com a sua câmara de filmar”. A sua obra cinematográfica é o maior monumento que se pode erguer contra o esquecimento, uma obra admirável que permitiu mostrar e dizer o inconcebível, essencial para compreender o Holocausto.

Shoah é editado pela primeira vez em Portugal, na sua versão restaurada. Opus de nove horas de duração, é um dos maiores documentários de todos os tempos. Um filme contra o esquecimento e sobre o impensável: a morte de mais de seis milhões de judeus pelos Nazis. Realizado ao longo de doze anos, apresenta entrevistas em 14 países com sobreviventes, testemunhas e criminosos. Sem recorrer a imagens de arquivo histórico, usa entrevistas que visam “reencarnar” a tragédia judaica, e visita os locais onde os crimes ocorreram. O filme nasceu da preocupação de Lanzmann com o facto de o genocídio perpetrado apenas 40 anos antes começar a ficar escondido nas brumas do tempo, uma atrocidade que começava a ser higienizada pela História.

Em complemento a Shoah, a edição inclui ainda o filme Sobibor, 14 de Outubro 1943, 16 horas. O título do filme diz-nos o lugar, dia, mês, ano e hora da única revolta bem sucedida nu campo de extermínio nazi na Polónia. 365 prisioneiros conseguiram escapar, mas apenas 47 sobreviveram às atrocidades da guerra. Claude Lanzmann conheceu Yehuda Lerner durante as filmagens de Shoah, em Jerusalém em 1979. Neste documentário, Lerner dá o seu testemunho ao realizador.

O Último dos Injustos, antestreou este ano em Cannes, e será estreado e editado em DVD pela Midas Filmes em 2014.
1975. Em Roma, Claude Lanzmann filma filme Benjamin Murmelstein, o último Presidente do Conselho Judeu do gueto de Theresienstadt, o único que sobreviveu à Guerra. Rabino em Viena, Murmelstein, depois da anexação da Áustria pela Alemanha em 1938, lutou com unhas e dentes com Eichmann, semana após semana, durante sete anos, conseguindo fazer com 121 mil judeus emigrassem e evitando a liquidação do gueto. 2012, Lanzmann com 87 anos, sem mascarar a passagem do tempo, mas mostrando a permanência dos lugares, recupera estas entrevistas em Roma, regressando a Theresienstadt, a cidade “dada aos judeus por Hitler”, gueto modelo, gueto-mentira eleito por Adolf Eichmann para enganar o mundo. Descobrimos a personalidade extraordinária de  Benjamin Murmelstein : dotado de uma inteligência fascinante e de uma coragem certa, memória incomparável, formidável contador de hitórias, irónico, sarcástico e verdadeiro. Através estas 3 épocas, de Nisko a Theresienstadt e de Viena a Roma, o filme revela como nunca antes a génese da solução final, desmascara o verdadeiro rosto de Eichmann e desvenda as contradições do Conselho Judeu.