24 Março 2022
PETITE MAMAN – MAMÃ PEQUENINA DE CÉLINE SCIAMMA CONTINUA EM EXIBIÇÃO
Petite Maman – Mamã Pequenina, o novo filme de Céline Sciamma, realizadora de Retrato da Rapariga em Chamas, continua em exibição em Lisboa (Cinema Ideal, UCI El Corte Inglês e City Alvalade) e no Porto (Cinema Trindade e UCI Arrábida), e tem sessões agendadas no Cartaxo e em Montemor-o-Novo

Belíssima fábula sobre a infância e o luto, filmada com a sensibilidade rara de Sciamma, é a história de Nelly, uma menina de 8 anos que acabou de perder a avó e está a ajudar os pais a esvaziar a casa de infância da mãe. Explora a casa e a floresta à volta, onde a mãe, Marion, costumava brincar e onde construiu uma cabana. Um dia, a mãe parte sem explicações. E Nelly conhece uma menina, mais ou menos da sua idade, na floresta. Está a construir uma cabana e chama-se Marion.

«Traz o realismo mágico, a floresta do conto de fadas tradicional, até a psicanálise, para um terreno comum que é o da verdadeira infância. É uma viagem no tempo sem um tempo definido. Em que todos os faz de conta podem ser possíveis. É um filme muito maior do que a mamã pequenina do seu título.» Francisco Ferreira, Expresso

«Maravilhoso conto de infância que parte do sereno luto de Nelly (Joséphine Sanz), uma menina de 8 anos, face ao falecimento da avó, conhecido logo nas imagens de abertura. Não é todos os dias que podemos descobrir, assim, um universo infantil alheado da retórica mediática que, em particular na publicidade, insiste em representar as crianças entre patetice obrigatória e vitimização compulsiva. Em boa verdade, Petite Maman transcende o próprio calendário da infância, colocando Nelly numa aventura em que passado, presente e futuro se enredam num labirinto afetivo capaz de integrar todos os mistérios, incluindo o silêncio da morte.» João Lopes, DN

«E se pudéssemos ser “amigos” dos nossos pais, viajar no tempo até à época em que eles eram crianças? Doce princípio, doce ideia, que o filme de Sciamma agarra sem melodrama (notar-se-á a ausência de música durante a maior parte do filme, apenas diálogos, silêncios e bruitage), a tirar partido da imperfeição espontânea das suas protagonistas gémeas (ou “duplicadas”), rumo a uma explosão emocional onde a música, contida o tempo todo, desaba sobre as personagens (e os espectadores) como um aguaceiro — e é importante porque na letra da canção há este jogo de palavras (“être enfant près de toi / être enfin loin de toi”; “ser criança perto de ti / estar enfim longe de ti”) que resume um pouco a “moral” da história, e sobretudo o movimento do filme, o de uma criança que se aproxima da mãe para melhor crescer. » Luís Miguel Oliveira, Público

«Um filme de uma enorme sensibilidade, mas que transforma num dos mais belos retratos do imaginário de infância de que temos memória. um filme em estado de graça, iluminado pela bela fotografia de Claire Mathan e pela presença das duas jovens protagonistas. Sciamma usa o cinema como se fosse uma história que se imagina quando se é criança, voltando a abordar no seu universo os rituais de passagem a um estado adulto, aqui de uma forma precoce, motivada pela necessidade do luto.» João Antunes, JN 

«Esta pequena miniatura (72 minutos) é um conto ou uma novela, literalmente para todos, que transporta uma força insuspeita no modo como mergulha de coração aberto no mundo da infância sem condescendências nem decorativismos. Uma casa e um bosque são os cenários únicos deste filme de generosa delicadeza: a casa da avó de Nelly, e os bosques ao seu redor, onde a mãe de Nelly muito brincou em menina (filmados com uma quase renoiriana sensibilidade por Claire Mathon). O encantamento que Sciamma constrói com tão poucos elementos, ao fazer a menina encontrar uma companheira de brincadeiras inesperada, é de uma ternura e de uma empatia infindáveis; e encantamento é a palavra certa para descrever o enganador pudor de um “pequeno” filme maior do que muitos candidatos a “grandes”.» Jorge Mourinha, Público 

Veja aqui o trailer