Um hotel junto à costa norte de Portugal, acolhe os seus clientes, num fim de semana. Um homem vive dividido entre a atenção a dar à sua mulher e o espaço que ocupa a sua mãe no meio deles. Uma mãe promove o casamento da filha para facilitar a sua relação amorosa com o genro. Outra mãe vive através da filha, impedindo-a de tomar as suas próprias decisões. Três núcleos familiares em final de ciclo de aceitação.
Nota de Intenções
Viver Mal é um espelho do filme Mal Viver. Num espelho a imagem reflectida é invertida, neste filme a imagem mostra o que só pode ser imaginado no outro filme: os clientes do Hotel que são só sombras e vultos fugazes, em aparições muito fragmentadas, no primeiro filme, passam a ser os protagonistas. E a família do Hotel, protagonista do outro filme, passa a ser sombra e vulto fugaz, em aparições fragmentadas, que perturbam a narrativa das histórias dos clientes neste.
A vida e os dramas da família do Hotel são vislumbradas em fragmentos perturbadores, estes fragmentos estimulam a imaginação do espectador e ao mesmo tempo acrescentam dimensão dramática aos personagens dos clientes, que deixam de estar isolados para passarem e viver num mundo com outras pessoas e em que podem ser observados.
Viver Mal mostra outro ponto de vista sobre o mesmo tempo e o mesmo espaço, em que um ponto de vista mostra os dramas de que o outro só deixa vislumbrar fragmentos.
Sobre Strindberg:
Se houve alguém que tenha tratado obsessivamente o egotismo, como causa de viver mal consigo mesmo e com os outros, foi August Strindberg. Por isso a escolha natural de inspirar as histórias do clientes do Hotel em peças de Strindberg que são exemplo paradigmático de diferentes formas de egotismo. Foram selecionadas três peças: Brincar com o Fogo, um marido que não se compromete na relação com a mulher, mas quando sente que a pode perder também percebe que afinal a ama; O Pelicano, uma mãe dominadora e egoísta que chega ao ponto de promover o casamento da filha para facilitar a sua relação amorosa com o marido dela; Amor de Mãe, outra mãe que projecta de tal maneira a sua vida no futuro da filha que a impede de viver um grande amor. As peças só serviram de inspiração, não se trata de adaptações directas das mesmas, trata-se de as usar livremente como mote para uma reescrita totalmente reformulada e colocada no nosso tempo.
Filmografia Seleccionada
2023
Mal Viver (Bad Living), Berlinale Competition
Viver Mal (Living Bad), Berlinale Encounters
2017
Fátima, Rotterdam
2011
Sangue Do Meu Sangue (Blood of my Blood), San Sebastián FIPRESCI Award; Toronto
2007
Mal Nascida (Misbegotten), Venice Orizzonti
2003
Noite Escura (In the Darkness of the Night) Cannes Un Certain Regard
2000
Ganhar A Vida (Get a Life), Cannes Un Certain Regard; Toronto
1985
Três Menos Eu (Three Less Me), Rotterdam Opening Film; Toronto
realização João Canijo 1ª assistente realização Inês Garcia Marques directora de fotografia Leonor Teles som Tiago Raposinho direcção de arte Nádia Henriques guarda-roupa Sílvia Siopa montagem João Braz montagem e mistura de som Elsa Ferreira direcção de produção Joana Carneiro Reis produtor Pedro Borges produção Midas Filmes co-produção François D’Artemare / Les Films de L’Après-Midi com o apoio financeiro ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual, RTP – Rádio e Televisão de Portugal, Câmara Municipal de Esposende vendas & distribuição internacional Portugal Film – Portuguese Film Agency
124′ | DCP | 4K | 5.1 | cor
Portugal / França | 2023
M/14
NUNO LOPES
FILIPA AREOSA
LEONOR SILVEIRA
RAFAEL MORAIS
LIA CARVALHO
BEATRIZ BATARDA
CAROLINA AMARAL
LEONOR VASCONCELOS
Anabela Moreira, Rita Blanco, Madalena Almeida, Cleia Almeida, Vera Barreto
73ª Berlinale Encounters
A hotel by the northern shore of Portugal welcomes its guests over the weekend. A man is torn between being present for his wife and the space that his mother takes up between the two of them. A mother encourages her daughter’s marriage to enable her own love affair with her son-in-law. Another mother lives through her daughter, preventing her from making her own decisions. Three families at the end of their cycles of acceptance.
Director’s Statement
Viver Mal is a mirror to Mal Viver. In a mirror, the reflected image is inverted and the image in this film shows what could only be imagined in the other: the hotel guests who, in the first film, are mere shadows and fleeting figures, appearing in fragments, are now the protagonists. And the members of the family who run the hotel, the protagonists in the other film, are now shadows and fleeting figures, appearing in fragments, disturbing the narratives of the guests’ stories in this one.
The life and the dramas of the hotel-running family are glimpsed in upsetting fragments, which fuel the viewer’s imagination while adding dramatic dimension to the characters of the guests, which shift from being isolated to living in a world with other people, where they can be observed.
Viver Mal shows another point of view over the same time and the same space; one point of view showing the dramas that the other only allows fragmented glimpses of.
About Strindberg:
If anyone ever worked obsessively on egotism, as a cause for living badly with oneself and with others, that someone was August Strindberg. Hence the natural choice of seeking inspiration for the hotel guests’ stories on Strindberg plays which are paradigmatic examples of different forms of egotism. Three plays were selected: Playing with Fire, about a husband who can’t commit in his relationship to his wife, but who, when he senses he might lose her, realizes he loves her, after all; The Pelican, about an overbearing and selfish mother who goes as far as to encourage her daughter’s marriage so as to enable her own love affair with her daughter’s husband; and Motherlove, about another mother who lives through her daughter in such a way that it prevents her child from living a great love. The plays were only used as inspiration and were not directly adapted. Rather, they were used freely as a motif for a totally reformulated rewriting, placed within our time.
Selected Filmography
2023
Mal Viver (Bad Living), Berlinale Competition
Viver Mal (Living Bad), Berlinale Encounters
2017
Fátima, Rotterdam
2011
Sangue Do Meu Sangue (Blood of my Blood), San Sebastián FIPRESCI Award; Toronto
2007
Mal Nascida (Misbegotten), Venice Orizzonti
2003
Noite Escura (In the Darkness of the Night) Cannes Un Certain Regard
2000
Ganhar A Vida (Get a Life), Cannes Un Certain Regard; Toronto
1985
Três Menos Eu (Three Less Me), Rotterdam Opening Film; Toronto
directed by João Canijo 1st assistant director Inês Garcia Marques director of photoraphy Leonor Teles sound Tiago Raposinho art director Nádia Henriques costume design Sílvia Siopa editing João Braz sound editing and mix Elsa Ferreira production manager Joana Carneiro Reis producer Pedro Borges production Midas Filmes co-production François D’Artemare / Les Films de L’Après-Midi with the financial support of ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual, RTP – Rádio e Televisão de Portugal, Câmara Municipal de Esposende world sales & distribution Portugal Film – Portuguese Film Agency
124′ | DCP | 4K | 5.1 | color
Portugal / France | 2023
NUNO LOPES
FILIPA AREOSA
LEONOR SILVEIRA
RAFAEL MORAIS
LIA CARVALHO
BEATRIZ BATARDA
CAROLINA AMARAL
LEONOR VASCONCELOS
Anabela Moreira, Rita Blanco, Madalena Almeida, Cleia Almeida, Vera Barreto
73ª Berlinale Encounters
© Midas Filmes
